Texto:
Maria do Carmo Nogueira da Gama
Discografia:
Egídio Leitão
Tópicos:
• Infância e Adolescência
• "Com Que Roupa?"
• Esquisitices e a Doença
• As Manchetes
• A Imprensa
• Discografia Recomendada
Infância e Adolescência
Noel crescia frágil e mirrado. Amava a rua, a confusão dos amigos, as pipas, os piões e os balões. Era, também, artista de estribo de bonde. Menino alegre e de gênio bom. Os saraus em sua casa eram constantes. Sua mãe tocava bandolim; seu pai, violão; sua madrinha, piano; sua tia, violino. As crianças participavam, ouvindo. Foi dona Martha quem iniciou Noel na música ensinando-lhe a tocar bandolim, entretanto, ele sentia-se fascinado por qualquer instrumento, qualquer música e qualquer dança. Seu grande e único sonho era a música.
Noel, aos quatorze anos, já abusava do cigarro, da cerveja, e dos balaústres de bonde onde externava sua malícia, seu deboche, suas graças imaginativas e obscenas.
Tocava violão como ninguém. Amava, cada vez mais, a música e a poesia.
Era ex-aluno do Colégio São Bento e chegou a frequentar o 1°. ano da Faculdade de Medicina.
Fazia ponto no Café Vila Isabel, do Carvalho, local onde fez grande parte de suas composições, nas madrugadas. Era ali que o encontravam ou deixavam recados para que fizesse serestas e serenatas.
Noel Rosa começa a aparecer com o "Bando de Tangarás" do qual era um dos componentes. Sua primeira aparição em público foi a 27 de junho de 1929, no Tijuca Tênis Clube. Tinha, nessa época, apenas 18 anos.
"Com Que Roupa?"
Ainda em 1929, foi lançado no teatro, como compositor, por Eratóstenes Frazão que era jornalista, ator teatral e compositor. Noel já estava com 29 músicas compostas, inclusive "Com Que Roupa?" cuja melodia foi modificada por Homero Dornellas e a letra melhorada por Nássara, seu grande amigo. "Com Que Roupa?" retratava o Brasil da época, cheio de dificuldades, com o povo quase na miséria. Segundo Noel, o "Brasil de Tanga". O samba explode em todo o país no carnaval de 1930 e aparece na boca do povo, surpreendendo até seu autor. A expressão - com que roupa? - passou a fazer parte do vocabulário do carioca, nas dificuldades. Aconteceu que, antes mesmo do sucesso o cantor Ignácio Guimarães ofereceu a Noel a importância de l80 mil réis pela aquisição da música, o que foi aceito. Dessa forma, o cantor tornou-se dono do samba mais cantado no Brasil. A partir do "Com Que Roupa?", Noel compôs sem limite. Bastava surgir um tema para que nascesse uma letra de música.
Esquisitices e a Doença
Noel tinha suas esquisitices, uma delas era não gostar de andar em grupo, motivo pelo qual se afastava, quanto podia, do "Bando dos Tangarás". Queria ser independente.
A época era favorável à música nordestina por isso todos a cantavam, inclusive os "Tangarás" e Noel Rosa.
Apresentou-se com Renato Murce, fazendo uma embolada que recebeu o nome de "Perna Bamba" mas verificam que sua vocação não estava nesse tipo de música. Era carioca, portanto, do samba.
O carnaval, em Vila Isabel, era um dos melhores do Rio de Janeiro. O bairro além das Batalhas de Confete competia com blocos de outros bairros em desfiles com premiações. Vila Isabel possuía dois blocos: o Cara de Vaca, formado pela turma da Rua Souza Franco / Torres Homem; e o Faz Vergonha, formado pela turma da Rua Maxwell, próximo à Fábrica Confiança, do qual Noel fazia parte. Dizem que o nome do bloco originou-se do comportamento de Noel Rosa que estava sempre com brincadeiras, fazendo vergonha.
Em Vila Isabel nasceu o bloco dos Vassourinhas (vide errata abaixo), bloco de frevo, dirigido pelo sr. Luís Alves.
Da Rua Petrocochino saía o bloco de Reis.
Noel começa a emagrecer e demonstrar cansaço. Dona Martha observa o filho e se preocupa, mas não consegue tirá-lo da rua nas madrugadas.
Dr. Edgard Graça Mello, médico da família, é chamado e detecta a doença: estava com lesão no pulmão direito e já começando no esquerdo.
Noel amava as mulheres. Seus grandes amores foram, Clara Corrêa Netto, Fina (Josefina Telles Nunes) e Ceci (Juraci Correia de Morais) por quem se apaixonou, verdadeiramente. Casou-se, entretanto, com Lindaura, uma sergipana que morava na Rua Maxwell, 74 casa 2, no dia 1°. de dezembro de 1934.
Foi nos braços de Lindaura que Noel Rosa faleceu em 4 de maio de 1937, na mesma casa onde nasceu, aos 27 anos.
Discografia Recomendada
Aqui estão alguns discos que podem ajudar a conhecer melhor a obra deste grande nome da música brasileira. O objetivo aqui não é de ser completista, mas simplesmente procurar mostrar a diversidade desta obra e suas mais diversas abordagens, incluindo comparações com outros compositores. Os títulos abaixo já apareceram no mercado em formato de CD (exceto onde indicado) mas podem estar esgostados agora.
Aracy de Almeida: Canções de Noel Rosa com Aracy de Almeida, Continental LPP10 (1955) - vinil apenas.
Francisco Egydio & Roberto Paiva: Polêmica - Noel Rosa & Wilson Batista, Odeon MODB 3033 (1956).
João Nogueira: Wilson, Geraldo, Noel, Polydor 531948-2 (1981).
Songbook Noel, Lumiar Discos 107.127 (1991).
Mário Reis & Aracy de Almeida: Noel Rosa por Mário Reis e Aracy de Almeida, Revivendo RVCD 027 (1993).
Noel Rosa: Feitiço da Vila, Revivendo RVCD 052 (1994).
Noel Rosa & Vadico: Inédito e Desconhecido / Vadico , Eldorado 924041 (1995).
Noel Rosa: Coisas Nossas, Revivendo RVCD 106 (1995).
Noel Rosa: Coisas Nossas, Leblon Records LB 060 (1996).
Ivan Lins: Viva Noel, Velas 11-V230 (1997).
Olibia Byington: A Dama do Encantado - Tributo a Aracy de Almeida, MP,B 398420455-2 (1997).
Johnny Alf & Leandro Braga: Letra & Música Noel Rosa, Lumiar Discos LD 05/97 (1997).
Noel Rosa: Que Se Dane, Revivendo RVCD 139 (1999).
Ione Papas: Noel Por Ione, Dabliú DB-0084 (2000).
Zé Renato: Filosofia - Sobre as Músicas de Chico Buarque e Noel Rosa, MP,B 325912003262 (2000).
Noel Rosa: Noel Pela Primeira Vez (7 CDs), Velas 32591 2000682 (2000).
Cristina Buarque & Henrique Cazes: Sem Tostão 2... A Crise Continua - Canções de Noel Rosa, Kuarup KCD 153 (2001).
Errata
Correção segunda a senhora Claudete Umbelino de Oliveira: O nome do bloco era Lenhadores. (18 de março de 2008)
Fonte: Musica Brasileira
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