Um Pouco Mais De Música

Um Pouco Mais De Música

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Yanni

Yanni - For All Seasons

"Eu estou olhando para a próxima fase da minha evolução. Tendo tantos anos dedicados à esta arte, eu sinto a obrigação de mantê-la, ou pelo menos continuar a me desenvolver. Não há regras. É tão emocionante. E vamos surpreender as pessoas. Fique atento. Para as coisas acontecerem na vida, você tem que ter fé e paixão. Agora é o melhor momento da minha vida." Yanni.
Quer conhecer mais sobre Yanni? Veja a biografia do artista: http://www.yannibrasil.com/yanni-chrysomallis.php

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Brasil - Ensino de música será obrigatório

Todas as escolas públicas e particulares do Brasil terão de acrescentar, no prazo de três anos, mais uma disciplina na grade curricular obrigatória. A Lei nº 11.769, publicada no Diário Oficial da União no dia 19, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) — nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 — e torna obrigatório o ensino de música no ensino fundamental e médio. A música é conteúdo optativo na rede de ensino, a cargo do planejamento pedagógico das secretarias estaduais e municipais de educação. No ensino geral de artes, a escola pode oferecer artes visuais, música, teatro e dança.

Com a alteração da LDB, a música passa a ser o único conteúdo obrigatório, mas não exclusivo. Ou seja, o planejamento pedagógico deve contemplar as demais áreas artísticas. Até 2011, uma nova política definirá em quais séries da educação básica a música será incluída e em que freqüência.

“A lei não torna obrigatório o ensino em todos os anos, e é isso que será articulado com os sistemas de ensino estaduais e municipais”, explica Helena de Freitas, coordenadora-geral de Programas de Apoio à Formação e Capacitação Docente de Educação Básica no Ministério da Educação. “O objetivo não é formar músicos, mas oferecer uma formação integral para as crianças e a juventude. O ideal é articular a música com as outras dimensões da formação artística e estética.”

O MEC recomenda que, além das noções básicas de música, dos cantos cívicos nacionais e dos sons de intrumentos de orquestra, os alunos aprendam cantos, ritmos, danças e sons de instrumentos regionais e folclóricos para, assim, conhecer a diversidade cultural do Brasil.

O desafio que surge com a nova lei é a formação de professores. Segundo os dados mais recentes do Censo da Educação Superior, de 2006, o Brasil tem 42 cursos de licenciatura em música, que oferecem 1.641 vagas. Em 2006, 327 alunos formaram-se em música no Brasil.

Fonte: http://www.oei.es/noticias/spip.php?article3320

O ensino de música nas escolas brasileiras iniciou-se no século 19



História — O ensino de música nas escolas brasileiras iniciou-se no século 19. A aprendizagem era baseada nos elementos técnico-musicais e realizada, por exemplo, por meio do solfejo. No fim da década de 1930, no entanto, Antônio Sá Pereira e Liddy Chiaffarelli Mignone buscaram inovações. Sá Pereira defendia a aprendizagem pela própria experiência com a música; Chiaffarelli propunha jogos musicais e corporais e o uso de instrumentos de percussão.

Naquela época, Heitor Villa-Lobos (1887-1959) ganhava destaque. Em 1927, três anos depois de conviver com o meio artístico parisiense, ele voltou ao país e apresentou, em São Paulo, um plano de educação musical. Em 1931, o maestro organizou uma concentração orfeônica chamada Exortação Cívica, com 12 mil vozes. Após dois anos, assumiu a direção da Superintendência de Educação Musical e Artística, quando a maioria de suas composições se voltou para a educação musical. Em 1932, o presidente Getúlio Vargas tornou obrigatório o ensino de canto nas escolas e criou o curso de pedagogia de música e canto.

Em 1960, projeto de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro para a Universidade de Brasília (UnB) deu novo impulso ao ensino da música, com a valorização da experimentação. A idéia era preservar “a inocência criativa das crianças.” Duas décadas depois, a criação da Associação Brasileira de Educação Musical e da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (Abrace) contribuiu para a formação de professores no ensino das linguagens artísticas em várias universidades. No ensino de música, a experiência direta e a criação são enfatizadas no processo pedagógico.

Na década de 1990, o ensino de artes passou a contemplar as diferenças de raça, etnia, religião, classe social, gênero, opções sexuais e o olhar mais sistemático sobre outras culturas. O ensino passou a ter valores estéticos mais democráticos.

Atualmente, a aprendizagem musical deve fazer sentido para o aluno. O ensino deve se dar a partir do contexto musical e da região na qual a escola está situada, não a partir de estruturas isoladas. Assim, busca-se compreender o motivo da criação e do consumo das diferentes expressões musicais.

Fonte: http://www.oei.es/noticias/spip.php?article3320

Não se esqueça de mim - Nana Caymmi - Elas cantam Roberto

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

James Brown - Good Foot / S Power / Make It Funky (ST 1973)



James Brown, o "Padrinho do Soul", morre aos 73.
Brown morreu de insuficiência cardíaca congestiva após serem hospitalizadas por pneumonia, disse seu agente, Frank Copsidas.

Mr. Brown vendeu milhões de discos em uma carreira que durou meio século. Na década de 1960 e 1970, ele superou o ritmo regular-charts and-blues, embora ele nunca teve um hit pop No.1., No entanto, sua música se mostrou muito mais durável e influente do que inúmeras carta-chapéus de coco. Sua funk fornece os ritmos sofisticados que são a base do hip-hop e uma vasta gama de pop atual.

Sr. Copsidas disse que Brown tinha participado em um sorteio anual de brinquedos de Natal em Augusta na sexta-feira, mas havia sido hospitalizado no sábado. Depois de cancelar apresentações previstas para meio da semana, o Sr. Brown no domingo à noite tem a aprovação do médico para realizar no sábado, em New Jersey e New Year's Eve no BB Kings boate em Nova York.

Sr. Copsidas, disse Brown usou um de seus slogans mais conhecidos para transmitir a sua dedicação aos seus fãs: "Eu sou o homem que mais trabalhava no show business, e eu não vou decepcioná-los."


Através dos anos, o Sr. Brown não apenas chamar-se "o homem que mais trabalhava no show business." Ele também passou pelo "Sr. Dynamite "," Soul Brother N º 1 "," Ministro do Super Heavy Funk "e" o padrinho do Soul ", e ele era tudo isso e ainda mais.


Sua música foi suado e complexa, disciplinada e selvagem, luxurioso e socialmente consciente. Além de suas dezenas de sucessos, o Sr. Brown forjou uma linguagem musical completa que é hoje uma fundação do pop mundial.

"Eu ensinei a eles tudo o que sabe, mas não tudo o que sei", escreveu ele em uma autobiografia.

O funk Mr. Brown introduziu no seu sucesso de 1965 "Papa's Got a Brand New Bag", era ao mesmo tempo profundamente enraizada na África e completamente americana. Canções como "I Got You (I Feel Good)", "Cold Sweat", "Get Up (I Feel Like Being a) Sex Machine" e "Hot Pants" encontrado ao lado de cada instrumento de percussão e malha acentuadamente sincopado padrões para cinética polyrhythms que fez as pessoas dançarem.

inovações do Sr. Brown reverberaram por toda a alma e rhythm-and-blues da década de 1970 e do hip-hop dos próximos três décadas. A batida de um instrumental 1970 "Funky Drummer" pode muito bem ser o ritmo mais amostrados no hip-hop.

Mr. Brown move palco - as rotações, o embaralha rápida, o joelho-gotas, as separações - foram imitados por artistas que tentaram combinar a sua resistência, de Mick Jagger com Michael Jackson, e foi admirado pelos muitos mais que não podia. Brown era uma força política, especialmente durante os anos 1960, sua canção de 1968 "Say It Loud - I'm Black and I'm Proud" mudou o vocabulário racial na América. Ele nunca foi politicamente previsível, em 1972, ele aprovou a reeleição de Richard Nixon.

Brown levou uma vida turbulenta, e cumpriu pena de prisão tanto como uma adolescente e um adulto. Ele era um capataz severo que multou os membros da sua banda para Notas perdidas ou polidor de sapatos imperfeito. Ele era um empresário que, no final da década de 1960, de propriedade de sua própria editora, três emissoras de rádio e um Learjet (que mais tarde viria a vender para pagar os impostos). E faz constantemente: como muitos como 51 semanas por ano em seu auge.

Brown nasceu 3 de maio de 1933, em um barraco de um cômodo em Barnwell, Carolina do Sul como mais tarde viria a dizer que, parteiras pensei que ele estava morto, mas seu corpo ficou quente, e ele foi revivido. Quando seus pais se separaram quatro anos depois, ele foi deixado aos cuidados de sua tia querida, que dirigia um bordel em Augusta, Geórgia Como um menino que ganhou tostões dança dinheirinho para os soldados, ele também colheu algodão e sapatos engraxados. Ele foi demitido da escola porque suas roupas eram muito irregulares.

Ele foi preso por furto em 1949, depois de arrombar um carro, e liberdade condicional de três anos depois. Enquanto estava na prisão, ele cantou em um grupo gospel. Depois que ele foi lançado, ele se juntou a um grupo liderado por Bobby Byrd, que eventualmente se chamava The Flames. No primeiro, Brown tocou bateria com o grupo e negociada vocais com outros membros. Mas, com sua voz poderosa e dança, acrobacias frenéticas, ele surgiu como o líder.

Em 1955, o Flames gravado "Please Please Please" no estúdio do porão de uma estação de rádio em Macon, Geórgia um caçador de talentos ouviu na rádio local e assinou o Flames para um contrato de gravação com a King Records. Uma segunda versão, gravada em Cincinnati, em 1956, tornou-se um milhão de venda única.

Nove seguimento singles foram flops, até que, em 1958, uma balada de raízes gospel, "Try Me", foi número 1 na parada de ritmo de blues e. Brown seguiu com mais baladas, mas mostra o Flames "fase seria transformá-las em tempo, crescendos frenética. Sua marca registrada rotina de colapso no palco, com uma capa jogada sobre ele e jogando-o longe para mais uma reprise, uma e outra vez, deixaria o público a gritar por mais.

Na versão 1960 do Sr. Brown de "Think" colocar um agitado, com sabor latino-beat - insinuando o funk para vir - atrás de um vocal sofrido e empurrou-o de volta para o R & B Top 10 e Top 40 do pop.

Fonte: Ny times

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Cartola





Cartola (Angenor de Oliveira). Compositor, cantor, instrumentista.
Rio de Janeiro RJ 11/10/1908-id. 30/11/1980.









Cartola nasceu no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. Tinha oito anos quando sua família se mudou para Laranjeiras e 11 quando passou a viver no morro da Mangueira, de onde não mais se afastaria. Desde menino participou das festas de rua, tocando cavaquinho – que aprendera com o pai – no rancho Arrepiados (de Laranjeiras) e nos desfiles do Dia de Reis, em que suas irmãs saíam em grupos de “pastorinhas”. Passando por diversas escolas, conseguiu terminar o curso primário, mas aos 15 anos, depois da morte da mãe, deixou a família e a escola, iniciando sua vida de boêmio.

Após trabalhar em várias tipografias, empregou-se como pedreiro, e dessa época veio seu apelido, pois usava sempre um chapéu para impedir que o cimento lhe sujasse a cabeça, o qual chamava de cartola. Em 1925, com seu amigo Carlos Cachaça, que seria seu mais constante parceiro, foi um dos fundadores do Bloco dos Arengueiros. Da ampliação e fusão desse bloco com outros existentes no morro, surgiu, em 1928, a segunda escola de samba carioca. Fundada a 28 de abril de 1928, o G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira teve seu nome e as cores verde e rosa escolhidos por ele. Foram também fundadores, entre outros, Saturnino Gonçalves, Marcelino José Claudino, Francisco Ribeiro e Pedro Caymmi. Para o primeiro desfile foi escolhido o samba Chega de Demanda, o primeiro que fez, composto em 1928 e só gravado pelo compositor em 1974, no LP História das escolas de samba: Mangueira, pela Marcus Pereira. Em 1931, Cartola tornou-se conhecido fora da Mangueira, quando Mário Reis, que subira o morro para comprar uma música, comprou dele os direitos de gravação do samba Que infeliz sorte, que acabou sendo lançado por Francisco Alves, pois não se adaptava à voz de Mário Reis. Vendeu outros sambas a Francisco Alves, cedendo apenas os direitos sobre a vendagem de discos e conservando a autoria: assim foi com Não faz, amor (com Noel Rosa), Qual foi o mal que eu te fiz? e Divina Dama, todos gravados pela Odeon, os dois primeiros em 1932 e o último em janeiro de 1933. Ainda em 1932, o samba Tenho um novo amor foi gravado por Carmen Miranda. Do mesmo ano é a gravação do samba Na floresta, em parceria com Sílvio Caldas, lançado por este último, e a primeira composição em parceria com Carlos Cachaça, o samba Pudesse meu ideal, com o qual a Mangueira foi campeã do desfile promovido pelo jornal “O Mundo Esportivo”.

Em 1936, a Mangueira teve premiado no desfile seu samba Não quero mais (com Carlos Cachaça e Zé da Zilda), gravado por Araci de Almeida, na Victor, em 1937, e em 1973 por Paulinho da Viola, na Odeon, com o título mudado para Não quero mais amar a ninguém. Em 1940, participou, ao lado de Donga, Pixinguinha, João da Baiana e outros, de gravações de música popular brasileira para o maestro Leopoldo Stokowski (1882 – 1976), que visitava o Brasil. Realizadas a bordo do navio Uruguai, ancorado no pier da Praça Mauá, essas gravações deram origem a dois álbuns de quatro discos de 78 rpm, lançados nos EUA pela gravadora Columbia. No rádio, atuou como cantor, apresentando músicas suas e de outros compositores. Na Rádio Cruzeiro do Sul, ainda em 1940, criou, com Paulo da Portela, o programa A Voz do Morro, no qual apresentavam sambas inéditos, cujos títulos deviam ser dados pelos ouvintes, sendo premiado o nome escolhido.

Em 1941, formou com Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres o Conjunto Carioca, que durante um mês realizou apresentações em São Paulo, em um programa da Rádio Cosmos. A partir dessa época, o sambista desapareceu do ambiente musical. Muitos pensavam até que tivesse morrido. Chegou-se a compor sambas em sua homenagem. Em 1948, a Mangueira sagrou-se campeã com seu samba-enredo Vale do São Francisco (com Carlos Cachaça).

Cartola só foi redescoberto em 1956, quando o cronista Sérgio Porto o encontrou lavando carros em uma garagem de Ipanema e trabalhando à noite como vigia de edifícios. Sérgio levou-o para cantar na Rádio Mayrinck Veiga e, logo depois, Jota Efegê arranjou-lhe um emprego no jornal “Diário Carioca”.

A partir de 1961, já vivendo com Eusébia Silva do Nascimento, a Zica, com quem se casou mais tarde, sua casa tornou-se ponto de encontro de sambistas. Em 1964, resolveu abrir um restaurante, o Zicartola, na Rua da Carioca, que oferecia, além da boa cozinha administrada por Zica, a presença constante de alguns dos melhores representantes do samba de morro. Freqüentado também por jovens compositores da geração pós bossa-nova (alertados para a sua existência desde o show “Opinião”, no qual Nara Leão incluíra o samba O sol nascerá, de Cartola e Elton Medeiros, que mais tarde gravaria), o Zicartola tornou-se moda na época. Durou pouco essa confraternização morro-cidade: o restaurante fechou as portas, reabrindo em 1974 no bairro paulistano de Vila Formosa.

Contínuo do Ministério da Indústria e Comércio, vivendo na casa verde e rosa que construiu no morro da Mangueira, em terreno doado pelo então Estado da Guanabara, somente em 1974, alguns meses antes de completar 66 anos, o compositor gravou seu primeiro LP, Cartola, na etiqueta Marcus Pereira. O disco recebeu vários prêmios. Logo depois, em 1976, veio o segundo LP, também intitulado Cartola, que continha uma de suas mais famosas criações, As rosas não falam, e o seu primeiro show individual, no Teatro da Galeria, no bairro do Catete, acompanhado pelo Conjunto Galo Preto. O show foi um sucesso de público e se estendeu por 4 meses.

Em julho de 1977, a Rede Globo apresentou com enorme sucesso o programa “Brasil Especial” número 19, dedicado exclusivamente a Cartola. Em setembro do mesmo ano, Cartola participou, acompanhado por João Nogueira, do Projeto Pixinguinha, no Rio. O sucesso do espetáculo levou-os a excursionar por São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Ainda em 1977, em outubro, lançou seu terceiro disco-solo: Cartola – Verde que te quero rosa (RCA Victor), com igual sucesso de crítica.

Em 1978, quase aos 70 anos, mudou-se para o bairro de Jacarepaguá, buscando um pouco mais de tranqüilidade, na tentativa de continuar compondo. Neste mesmo ano estreou seu segundo show individual: Acontece, outro sucesso. Em 1979, lançou seu quarto LP: Cartola – 70 anos. Nesta época, descobriu que estava com câncer, doença que causaria sua morte, em 30 de novembro de 1980.
Em 1983, foi lançado, pela Funarte, o livro Cartola, os tempos idos, de Marília T. Barboza da Silva e Arthur Oliveira Filho. Em 1984, a Funarte lançou o LP Cartola, entre amigos. Em 1997, a Editora Globo lançou o CD e o fascículo Cartola, na coleção “MPB Compositores” (n°12).

 Fonte: Enciclopédia da Música Popular Brasileira, editada pelo Itaú Cultural. Segundo o site oficial do Cartola

Cartola - Peito vazio / O sol nascerá

DICAS DE MÚSICA

CANTORA: ANA CAÑAS

Site Oficial: Ana Cañas







segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cazuza

No início dos anos 80, um garoto dourado do sol de Ipanema surpreendeu o cenário musical brasileiro. À frente de uma banda de rock cheia de garra, começou a dar voz aos impulsos de uma juventude ávida de novidades. Ele, Cazuza, era a grande novidade.

O Brasil saía de um longo ciclo ditatorial e vivia um clima de democracia ainda incipiente, mas suficiente para liberar as energias contidas. Cazuza desempenhou um papel importante nesse processo. E quando as misérias e mazelas nacionais foram se desnudando, ele respondeu sem meias palavras.

A expressão de sua repulsa diante desse quadro só pode ser comparada à coragem com que lutou por sua vida, no enfrentamento público da Aids. Lições de indignação e de dignidade; de como levar a vida na arte e "ser artista no nosso convívio".

No pouco que viveu, Cazuza deixou uma obra para ficar. Bebeu na fonte da tradição viva da MPB para recriar, num português atual e espontâneo, cheio de gírias, e num estilo marcadamente pessoal, a poesia típica do rock. Com justiça, foi chamado de o poeta da sua geração.

Na definição do dicionário, "cazuza" é um vespídeo solitário, de ferroada dolorosa. Deriva daí, provavelmente, o outro significado que o termo tem no Nordeste: o de moleque. Foi por isso que João Araújo, de ascendência nordestina, certo de que sua mulher Lúcia teria um menino, começou a chamá-lo de Cazuza, mesmo antes de seu nascimento. Batizado como Agenor de Miranda Araújo Neto, desde cedo o menino preferiu o apelido. O nome ele só viria a aceitar mais tarde, ao saber que Cartola, um dos seus compositores prediletos, também se chamava Agenor.

Nascido a 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro, Cazuza foi criado em Ipanema, habituado à praia. Os pais - ele, divulgador da gravadora Odeon; ela, costureira - não eram ricos mas o matricularam numa escola cara, o colégio Santo Inácio, dos padres jesuítas. Como às vezes tinham que sair à noite, o filho único se apegou à companhia da avó materna, Alice. Quieto e solitário, foi um menino bem-comportado na infância.

Na adolescência, porém, o gênio rebelde do futuro roqueiro se manifestaria. Cazuza terminou o ginásio e o segundo grau a duras penas, e, depois de prestar vestibular para Comunicação, só porque o pai lhe prometera um carro, desistiu do curso em menos de um mês de aula. Já vivia então a boemia no Baixo Leblon e o trinômio sexo, drogas e rock 'n' roll. Que ele amasse Jimi Hendrix, Janis Joplin e os Rolling Stones, tudo bem. Mas vir a saber que se drogava e que era bissexual, isso, para a supermãe Lucinha, não foi nada fácil. Assim como não foi, para o pai, ter que livrá-lo de prisões e fichas na polícia, por porte e uso de drogas.

João Araújo não queria o filho na vagabundagem e, em 1976, arrumou emprego para ele na gravadora Som Livre, onde já era presidente. Lá, Cazuza trabalhou no departamento artístico, fazendo a primeira triagem de fitas de cantores novos, e na assessoria de imprensa. Depois foi divulgador de artistas na gravadora RGE, e, após sete meses de um curso de fotografia na Universidade de Berkeley, deu alguns passos como fotógrafo. Mas nada disso o satisfazia.

Graças, contudo, a um outro curso - de teatro, dado pelo ator Perfeito Fortuna (grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone) - Cazuza acharia o seu papel. Não seria representar, mas cantar. É que na montagem da peça "Pára-quedas do coração", conclusão do curso, tudo o que ele fez foi soltar a voz, vindo a gostar muito da experiência. Afinal, música ele já respirava desde criança. Em casa mesmo, se acostumara a conviver com a presença de estrelas da MPB que seu pai produzia. Por que não se tornar também uma delas? Só faltava achar a sua turma.


Fonte: Site Oficial do Cazuza

Cazuza - Codinome Beija-Flor (ao vivo)

22 de novembro - Dia do Músico.

Recebi uma mensagem linda por e-mail, sobre o dia do músico. Gostaria de compartilhar com vocês:


Parabéns a todos
Que nos emocionam tocando... compondo... cantando...
Dia de comemorar merecidamente.. o trabalho sublime que alegra tantas pessoas!!!

Mensagem aos Músicos
A nota soa, estremece a corda, reverbera no ar
passeia, viaja, penetra nas paredes, fura o silêncio
desenha a melodia, mostra os sons
e pára na mão do músico como que a aguardar
uma segunda ordem, que pode mudar de repente,
quem sabe? pois a música vai além da partitura,
do compasso, das cinco linhas da pauta,
a música é a interpretação que repousa às vezes
em meio segundo a mais ou a menos.
Vai músico, passa pelo pianíssimo, forte,
staccato,  termina e depois... da cappo,
a platéia pede sua presença,
a coxia é a sua porta de casa,
e o ciclorama é a sua moldura.
Vai, no conjunto você é único
e seu som lhe pertence como a nenhum outro
pois não há dois músicos iguais,
na multidão você é solo, e
por mais que pareça acompanhar
você tem seu nome e sua assinatura particular.
No suor do seu rosto o esforço,
os dedos doem, as pernas cansam,
as luzes castigam as retinas, mas
saiba que os aplausos são para você
e eles serão ouvidos muito depois,
até o fim.


Tatiana Brioschi


Parabéns!!!!!
Atenciosamente,
Débora Ildêncio.

domingo, 21 de novembro de 2010

Se Eu Quiser Falar Com Deus - Elis Regina - Capela

Elis Regina

Elis Regina Carvalho Costa foi uma das maiores cantoras da MPB e é considerada a cantora brasileira mais perfeita de todos os tempos. Sua obra permanece viva e atual mesmo após vinte anos de sua morte. Nasceu na cidade gaúcha de Porto Alegre, em 1945. Foi casada com Ronaldo Bôscoli, pai de João Marcelo Bôscoli, e com César Camargo Mariano, pai de Pedro Camargo Mariano e Maria Rita.

A primeira apresentação da cantora foi no programa infantil de rádio chamado O Clube do Guri, aos onze anos de idade. Em 1961, com apenas dezesseis anos, gravou o primeiro disco intitulado “Viva a Brotolândia”. Menos de cinco anos depois, o trabalho de Elis ganhou proporções nacionais quando ela venceu o primeiro Festival da MPB com a música "Arrastão", composta por Edu Lobo e Vinícius de Moraes. Além deste grande prêmio, o ano de 1965 reservava ainda mais surpresas. Elis e Jair Rodrigues gravaram o LP ao vivo “Dois na Bossa” e ganharam o programa de TV “O Fino da Bossa”, que ficou no ar até 1967.

Viajou à Europa, em 1968, lançando-se no cenário internacional da música, e tornou-se a primeira artista a se apresentar duas vezes no mesmo ano no Olympia, famoso teatro parisiense. Os anos 70 registraram o aprimoramento musical de Elis Regina. Esta década foi marcada pelos espetáculos de grande repercussão da cantora. Um deles, Falso Brilhante, ficou em cartaz por mais de um ano e teve 300 apresentações realizadas. Além deste, outros importantes espetáculos foram Transversal do Tempo, Saudades do Brasil e Trem Azul, o último antes de sua morte.

Aos 36 anos de idade, no dia 19 de janeiro de 1982, o Brasil e a MPB sofreram uma grande perda. Elis Regina faleceu devido a complicações em conseqüência a uma overdose de cocaína, tranqüilizantes e bebida alcoólica.

Elis Regina era conhecida pelo perfeccionismo com que conduzia seu trabalho. A energia e alegria que esbanjava junto da voz doce e suave conquistavam a todos que a ouviam. Lutou fortemente contra a ditadura através de sua música e foi uma das defensoras dos direitos dos músicos em Brasília, tornando-se a presidente do ASSIM (Associação de Intérpretes e de Músicos). Foi na voz de Elis que a música “O Bêbado e o Equilibrista”, composta por João Bosco e Aldir Blac, tornou-se o Hino da Anistia, e recepcionou os exilados que voltaram ao Brasil a partir de 1979.




Alguns sucessos de Elis Regina: http://www.muitamusica.com.br/281-elis-regina/letras/
Fonte: Muita Musica

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Curso Musical Maestro José Dário de Moura: Vollatta - Grupo Musical

Curso Musical Maestro José Dário de Moura: Vollatta - Grupo Musical

Chiquinha Gonzaga

Texto biográfico - Chiquinha Gonzaga GONZAGA, Chiquinha – (Francisca Edwiges Neves Gonzaga).

Compositora, instrumentista, regente. Rio de Janeiro, RJ, 17/10/1847–idem, 28/02/1935. Maior personalidade feminina da história da música popular brasileira e uma das expressões maiores da luta pelas liberdades no país, promotora da nacionalização musical, primeira maestrina, autora da primeira canção carnavalesca, primeira pianista de choro, introdutora da música popular nos salões elegantes, fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais, Chiquinha Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro, filha do militar José Basileu Neves Gonzaga e de Rosa Maria de Lima.





Estudou piano com professor particular e aos 11 anos compôs sua primeira música, uma cantiga de Natal: Canção dos Pastores. Casou-se aos 16 anos, com um oficial da Marinha Mercante escolhido por seus pais. Poucos anos depois abandonou o marido por um engenheiro de estradas de ferro, de quem também logo se separou. Passou a sobreviver como professora de piano. A convite do famoso flautista Joaquim Antônio da Silva Callado (1848-1880), passou a integrar o Choro Carioca como pianista, tocar em festas e freqüentar o ambiente artístico da época. A estréia como compositora se deu em 1877, com a polca Atraente, composta de improviso durante roda de choro em casa do compositor Henrique Alves de Mesquita e publicada pela Viúva Canongia, Grande Estabelecimento de Pianos e Músicas.

Por desafiar os padrões familiares da época, sofreu fortes preconceitos. Aperfeiçoou-se com o pianista português Artur Napoleão (1843-1925). Sua vontade de musicar para teatro levou-a a escrever partitura para um libreto de Artur Azevedo, Viagem ao Parnaso. A peça foi recusada pelos empresários. Outras tentativas fracassaram, até que conseguiu, em 1885, musicar a opereta de costumes A Corte na Roça, encenada no Teatro Príncipe Imperial. Em 1889 promoveu e regeu, no Teatro São Pedro de Alcântara, um concerto de violões, instrumento estigmatizado àquela época. Foi uma ativa participante do movimento pela abolição da escravatura, vendendo suas partituras de porta em porta a fim de angariar fundos para a Confederação Libertadora.

Com o dinheiro arrecadado na venda de suas músicas comprou a alforria de José Flauta, um escravo músico. Chiquinha Gonzaga também participou da campanha republicana e de todas as grandes causas sociais do seu tempo. Já era uma artista consagrada quando compôs, em 1899, a primeira marcha-rancho, Ó Abre Alas, verdadeiro hino do carnaval brasileiro. Na primeira década deste século esteve algumas vezes na Europa, fixando residência em Lisboa por três anos.

De volta ao Brasil deu uma contribuição decisiva ao teatro popular ao musicar, em 1912, a burleta de costumes cariocas Forrobodó, seu maior sucesso teatral. Em 1914 seu tango Corta-Jaca foi executado pela primeira-dama do país, Nair de Teffé, em recepção oficial no Palácio do Catete, causando escândalo político. Em setembro de 1917, após anos de campanha, liderou a fundação da SBAT, sociedade pioneira na arrecadação e proteção dos direitos autorais. Aos 85 anos de idade escreveu a última partitura, Maria, com libreto de Viriato Corrêa.

Sua obra reúne dezenas de partituras para peças teatrais e centenas de músicas nos mais variados gêneros: polca, tango brasileiro, valsa, habanera, schottisch, mazurca, modinha etc. Chiquinha Gonzaga faleceu aos 87 anos de idade, no dia 28 de fevereiro de 1935, no Rio de Janeiro.

DADOS CRONOLOGIA

1847 Nasce no Rio de janeiro a 17 de outubro.
1863 Casa-se com Jacinto Ribeiro do Amaral.
1864 Nasce seu primeiro filho: João Gualberto.
1865 Nasce sua filha Maria.
1866 Embarca com o marido no navio São Paulo, por este fretado, que transporta tropas para a Guerra do Paraguai.
1869 Abandona o marido. Conhece o flautista Joaquim Antônio Callado.
1876 Vive com o engenheiro João Batista de Carvalho. Nasce a filha Alice.
1877 Primeira obra editada: a polca Atraente, que em nove meses chega à 15ª edição.
1879 Começa a instrumentar, com autodidatismo.
1880 Anuncia-se publicamente como professora de várias matérias.
1883 Tentativa frustrada de musicar libreto de Arthur Azevedo (a produção teatral não aceita uma mulher como autora da música).
1885 Estréia como maestrina.
1888 Extinção da escravidão no Brasil, pela qual durante tantos anos Chiquinha Gonzaga lutara.
1889 - Proclamação da República, outro anseio da compositora.
1890 Nasce a primeira neta.
1891 Falecimento do pai.
1896 Falecimento de Rosa, sua mãe.
1899 Carnaval. Compõe Ó Abre Alas. Conhece João Batista, jovem português de 16 anos que seria seu companheiro até o fim da vida.
1902 Viaja para a Europa.
1904 Segunda viagem à Europa.
1906 Instala-se em Portugal.
1909 Retorno ao Brasil.
1911 Inicia intensa atividade musicando peças teatrais para os espetáculos por sessões dos cine-teatros da Praça Tiradentes (RJ).
1912 Estréia Forrobodó, seu maior sucesso teatral.
1913 Deflagra campanha em defesa pelo direito autoral dos compositores e teatrólogos.
1914 Lançamento, com grande sucesso, do tango Corta-Jaca.
1917 Participa da fundação da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. 1919 Grande éxito da peça de costumes regionais Juriti.
1925 Recebe homenagens consagradoras da SBAT e reconhecimento do país inteiro. Aos 85 anos escreve sua última música: Maria.
1934 Falecimento da filha Maria.
1935 Morre no dia 28 de fevereiro. Dois dias depois realiza-se o primeiro concurso oficial das escolas de samba.


  • Verbete biográfico e dados cronológicos retirada do livro "Chiquinha Gonzaga: uma história de vida". escrito por Edinha Diniz. Editora Rosa dos Tempos, 1999.

Sedutor, de Chiquinha Gonzaga

Chiquinha Gonzaga por Clara Sverner 2007.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Bossa Nova

Durante a década de 50, o Brasil vivia a euforia do crescimento econômico gerado após a Segunda Guerra Mundial. Com base na onda de otimismo dos “Anos Dourados”, um grupo de jovens músicos e compositores de classe média alta do Rio de Janeiro começou a buscar algo realmente novo e que fosse capaz de fugir do estilo operístico que dominava a música brasileira. Estes artistas acreditavam que o Brasil poderia influenciar o mundo com sua cultura, por isso, o novo movimento visava a internacionalização da música brasileira.

Para a maioria dos críticos, a Bossa Nova se iniciou oficialmente em 1958, com um compacto simples do violonista baiano João Gilberto. Um ano depois, o músico lançou seu primeiro LP, “Chega de saudade”, que marcou definitivamente a presença do estilo musical no cenário brasileiro. Grande parte das músicas do LP era proveniente da parceria entre Tom Jobim e Vinícius de Moraes. A dupla compôs “Garota de Ipanema”, que é, sem dúvida, uma das mais importantes canções da história da música brasileira. Para se ter uma ideia, a mesma foi considerada em 2005, pela Biblioteca do Congresso norte-americano, como uma das 50 grandes obras musicais da humanidade.

A Bossa Nova foi consagrada internacionalmente no ano de 1962, em um histórico concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque, no qual participaram Tom Jobim, João Gilberto, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, Luiz Bonfá, Carlos Lyra, entre outros artistas.

A Bossa Nova tem como características principais o desenvolvimento do canto-falado, ao invés da valorização da “grande voz”, e a marcante influência do jazz norte-americano. Esta influência, inclusive, foi criticada posteriormente por alguns artistas. Em meados da década de 1960, um grupo formado por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime procurou reaproximar a Bossa Nova ao samba, ao baião e ao xote nordestino.

Com as mudanças políticas causadas pelo Golpe Militar de 1964, as canções começaram a trazer temas sociais. Desta forma, a música se transformou em um claro instrumento de contestação política da classe média carioca, um símbolo de resistência à repressão instaurada pela ditadura. Era o início da MPB, a moderna música popular brasileira. De fato, o movimento que originou a Bossa Nova se findou em 1966, entretanto, seu fim cronológico não significou a extinção estética do estilo musical, o qual serviu de referência para inúmeras gerações de artistas.


Fonte: Brasil Escola

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Tom Jobim







Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim
* Rio de Janeiro, RJ – 25 de Janeiro de 1927 d.C
+ Nova Iorque, USA – 08 de Dezembro de 1994 d.C







Compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro.
É considerado um dos maiores expoentes da música brasileira e um dos criadores do movimento da Bossa Nova. Tom Jobim é um dos nomes que melhor representa a música brasileira na segunda metade do século XX e é praticamente uma unanimidade entre críticos e público em termos de qualidade e sofisticação musical.
Nasceu no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, mudando-se logo com a família para Ipanema. A ausência do pai durante a infância e adolescência lhe impôs um contido ressentimento, desenvolvendo no maestro uma profunda relação com a tristeza e o romantismo melódico, transferido peculiarmente para as construções harmônicas e melódicas. Aprendeu a tocar violão e piano tendo aulas, entre outros, com o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, introdutor da técnica dodecafônica no Brasil.

No dia 15 de outubro de 1949, Antônio Carlos Jobim casou-se com Thereza Otero Hermanny, com quem teve dois filhos, Paulo (n. 1950) e Elizabeth (1957).
Em 30 de abril de 1986, ele casou-se com a fotógrafa e vocalista da extinta Banda Nova Ana Beatriz Lontra, que tinha a mesma idade de sua filha Elizabeth. Tom e sua segunda esposa tiveram dois filhos juntos, João Francisco (1979) e Maria Luiza (1987).
Pensou em trabalhar como arquiteto e chegou a se empregar em um escritório, mas logo desistiu e resolveu ser pianista. Tocava em bares e boates em Copacabana, como no Beco das Garrafas no início dos anos 50, até que em 1952 foi contratado como arranjador pela gravadora Continental. Além dos arranjos, também tinha a função de transcrever para a pauta as melodias de compositores que não dominavam a escrita musical. Datam dessa época as primeiras composições.
A primeira canção gravada, Incerteza (com Newton Mendonça), na voz de Mauricy Moura. Tereza da Praia, parceria com Billy Blanco, gravada por Lúcio Alves e Dick Farney pela Continental (1954), foi o primeiro sucesso. Depois disso participou de gravações e compôs com Billy Blanco a Sinfonia do Rio de Janeiro, além de outras parcerias com a cantora e compositora Dolores Duran (Se é por Falta de Adeus, Por Causa de Você).

Em 1956 musicou a peça Orfeu da Conceição com Vinícius de Moraes, que se tornou um de seus parceiros mais constantes. Dessa peça fez bastante sucesso a canção antológica Se Todos Fossem Iguais a Você, gravada diversas vezes. Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da bossa nova. O LP Canção do Amor Demais (1958), em parceria com Vinícius, e interpretaçãoes de Elizeth Cardoso, foi acompanhado pelo violão de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da bossa nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, Canção do Amor Demais, Chega de Saudade e Eu Não Existo sem Você.
A consolidação da bossa nova como estilo musical veio logo em seguida com o 78 rotações Chega de Saudade, interpretado por João Gilberto, lançado em 1959, com arranjos e direção musical de Tom, selou os rumos que a música popular brasileira tomaria dali para frente. No mesmo ano foi a vez de Sílvia Telles gravar Amor de Gente Moça, um disco com 12 canções de Tom, entre elas Só em Teus Braços, Dindi (com Aloysio de Oliveira) e A Felicidade (com Vinícius).
Tom foi um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York em 1962. No ano seguinte compôs, com Vinícius, um dos maiores sucessos e possivelmente a canção brasileira mais executada no exterior: Garota de Ipanema. Nos anos de 1962 e 1963 a quantidade de “clássicos” produzidos por Tom é impressionante: Samba do Avião, Só Danço Samba (com Vinícius), Ela é Carioca (com Vinícius), O Morro Não Tem Vez, Inútil Paisagem (com Aloysio), Vivo Sonhando. Nos Estados Unidos gravou discos (o primeiro individual foi The Composer of ‘Desafinado’ Plays, de 1965), participou de espetáculos e fundou sua própria editora, a Corcovado Music.
O sucesso fora do Brasil o fez voltar aos EUA em 1967 para gravar com um dos grandes mitos americanos, Frank Sinatra. O disco Francis Albert Sinatra e Antônio Carlos Jobim, com arranjos de Claus Ogerman, incluiu versões em inglês das canções de Tom (The Girl From Ipanema, How Insensitive, Dindi, Quiet Night of Quiet Stars) e composições americanas, como I Concentrate On You, de Cole Porter. No fim dos anos 60, depois de lançar o disco Wave (com a faixa-título, Triste, Lamento entre outras instrumentais), participou de festivais no Brasil, conquistando o primeiro lugar no III Festival Internacional da Canção (Rede Globo), com Sabiá, parceria com Chico Buarque, interpretado por Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy. Sabiá conquistou o júri, mas não o público, que vaiou ostensivamente a interpretação diante dos constrangidos compositores.

Aprofundando seus estudos musicais, adquirindo influências de compositores eruditos, principalmente Villa-Lobos e Debussy, Tom Jobim prosseguiu gravando e compondo músicas vocais e instrumentais de rara inspiração, juntando harmonias do jazz (Stone Flower) e elementos tipicamente brasileiros, fruto de suas pesquisas sobre a cultura brasileira. É o caso de “Matita Perê” e “Urubu”, lançados na década de 70, que marcam a aliança entre a sofisticação harmônica de Tom e sua qualidade de letrista. São desses dois discos Águas de Março, Ana Luiza, Lígia, Correnteza, O Boto, Ângela. Também nessa época grava discos com outros artistas, casos de Elis e Tom, com Elis Regina, Miúcha e Tom Jobim e Edu e Tom. Passarim, de 1987, é a obra de um compositor já consagrado, que pode desenvolver seu trabalho sem qualquer receio, acompanhado por uma banda grande, a Nova Banda. Além da faixa-título, Gabriela, Luiza, Chansong, Borzeguim e Anos Dourados (com Chico Buarque) são os destaques.
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We are the world, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985) abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.

É difícil escolher os mais significativos entre os mais de 50 discos de que participou, como intérprete ou arranjador. Todos eles têm algo de inovador, de diferente e especial. Seu último CD, Antônio Brasileiro, foi lançado em 1994, pouco antes da sua morte, em dezembro, nos EUA.
Biografias foram lançadas, entre elas Antônio Carlos Jobim, um Homem Iluminado, de sua irmã Helena Jobim, Antônio Carlos Jobim – Uma Biografia, de Sérgio Cabral, e Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tárik de Souza e Tessy Callado.


Inexplicavelmente, a genialidade de Tom Jobim continua sempre mais reconhecida nos palcos internacionais que entre os brasileiros, que estão em melhores condições de apreciar a beleza de suas canções, por exemplo no que se refere à concatenação melodia e letra. Como traduzir “Caingá candeia, é o Matita Pereira(…)” “Passarinho na mão, pedra de atiradeira(…)” da canção “Águas de Março”?

Águas de Março – Tom Jobim e Elis Regina
O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro foi renomeado Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão – Antônio Carlos Jobim ‘, só por pressão junto ao Congresso Nacional de uma comissão de notáveis, formada por Chico Buarque, Oscar Niemeyer, João Ubaldo Ribeiro, Antônio Cândido, Antônio Houaiss e Edu Lobo, criada e pessoalmente coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin.




Composições mais conhecidas:

* “Chega de Saudade” (1957), o marco inicial da bossa nova
* “Água de Beber”
* “Desafinado” (1959), vencedora de três prêmios Grammy
* “Samba de Uma Nota Só” (1959)
* “A Felicidade” e “O Nosso Amor”, do filme Orfeu Negro (1959)
* “Insensatez” (com Vinícius de Moraes) (1960)
* “Garota de Ipanema” (com Vinícius de Moraes) (1963)
* “Fotografia” (1965)
* “Triste” (1967)
* “Wave” (1967)
* “Águas de Março” (1970)
* “Luísa”
* “Corcovado”
* “Dindi”
* “Retrato em Branco e Preto” (com Chico Buarque)
* “Samba do Avião”
* “Anos Dourados”
* “Eu te Amo”
* “Meditação”
* “Só Tinha de Ser com Você” (1974)
* “Sabiá”
* “Eu sei que vou te amar”
* “Falando de amor”
* “Ela é carioca”
Discografia
* Sinfonia do Rio de Janeiro – 1954
* Tom Jobim e Billy Blanco – 1960
* Brasília e Sinfonia da Alvorada – 1961
* Antônio Carlos Jobim – 1963
* Caymmi visita Tom – 1964
* Antônio Carlos Jobim com Nelson Riddle e sua Orquestra – 1964
* Getz/Gilberto featuring A. C. Jobim – 1964
* A Certain Mr. Jobim – 1965
* Love Strings & Jobim (Tom Jobim Apresenta) – 1966
* Wave – 1967
* Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim – 1967
* Compacto Duplo – 1968
* Tide – 1970
* Stone Flower – 1970
* Sinatra & Company.s – 1971
* Disco de Bolso – O Tom de Tom Jobim e o tal de João Bosco – 1972
* Matita Pere/Jobim – 1973
* Elis & Tom (com Elis Regina)- 1974
* Urubu – 1976
* Compacto Duplo – 1977
* Miúcha & Antônio Carlos Jobim – 1977
* Tom, Vinícius, Toquinho, Miúcha, gravado ao vivo no Canecão – 1977
* Miúcha e Tom Jobim – 1979
* Sinatra-Jobim Sessions – 1979
* Terra Brasilis I & II – 1980
* Edu & Tom / Tom & Edu – 1981
* Gabriela, Trilha do Filme – 1983
* O Tempo e o Vento – 1985
* Para Viver um Grande Amor, Trilha do Filme – 1985
* Rio Revisited (com Gal Costa) – 1987
* Passarim – 1987
* Tom Jobim (inédito) – 1987
* No Tom da Mangueira – 1991
* Antônio Brasileiro – 1994
* Antônio Carlos Jobim and Friends – 1996
* Antônio Carlos Jobim em Minas ao vivo: Piano e Voz – 2004
Bibliografia
* Helena Jobim: Antônio Carlos Jobim, um Homem Iluminado, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
* Luis Carlos Lisboa: A vida de Tom Jobim, Rio de Janeiro: Rio Cultura/Faculdades Integradas Estácio de Sá, 1983.
* Sérgio Cabral: Antônio Carlos Jobim – Uma Biografia, Rio de Janeiro: Lumiar, 1997.
* Márcia Cezimbra, Tárik de Souza e Tessy Callado: Tons sobre Tom.

Biografias Relacionadas:
  • Vinicius de Moraes – PoetaMarcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ. 09 de Julho de 1980 d.C Nasceu no bairro da...
  • Dorival Caymmi – Cantor e Compositor Dorival Caymmi * Salvador, BA. – 30 de Abril de 1914 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 16 de Agosto de 2008 d.C Caymmi era descendente de italianos, as gerações da...

Águas de Março - Tom Jobim e Elis Regina no Fantástico

Um pouco mais de música, história e cultura

O homem descobriu a música através do ritmo, pois os povos primitivos usavam instrumentos de percussão de sons indeterminados.

Os povos da antiguidade utilizavam os hinos, para celebrar cerimônias religiosas e também como preparação para as guerras.

Os gregos foram um dos povos da antiguidade mais se destacaram no setor musical, bem como em diversos ramos da arte.

Na Idade Média, a Igreja Católica influenciou todas as àreas da atividade humana. No setor da música, somente músicas inspiradas pela fé foram aceitas, com isso surgiu a necessidade de adaptar as letras das músicas ao cristianismo. Um dos primeiros membros da Igreja a dedicar-se signitificamente à música, no século IV, foi Santo Ambrósio, bispo de Milão. As músicas selecionadas pelo Santo Ambrósio receberam o nome Canto Ambrosiano. Dois séculos mais tarde, o Papa Gregório, continua o trabalho de Santo Ambrósio, levando a todos os cristãos o que era conhecido apenas na diocese de Milão. As músicas organizadas e compostas pelo São Gregório receberam o nome de Canto Gregoriano.

Uma das maiores personalidades da música na Idade Média foi o Monge Beneditino Guido D'Arezzo. A grande contribuição prestada por Guido D'Arezzo foi nomear as notas musicais com as primeiras sílabas do Hino à São João Batista. O objetivo do Monge ao batizar as notas foi facilitar o ensino de música aos estudantes que tinham dificuldades em memorizar a altura das notas.

Como a música até o século IV era desprovida de acompanhamento e, portanto não havia combinação simultânea de sons, a sua essência era a melodia. Esse tipo de música desprovida de harmonia chama-se monódica. Resume-se exclusivamente à melodia cantada a uma voz.

A partir do séc. IX, a música monódica evoluiu, com a introdução do órgão, reproduzindo a mesma melodia. Por volta do séc. XII, na escola de Notre Dame, os compositores descobriram a possibilidade de unir duas ou mais melodias diferentes numa mesma música. Essa técnica musical recebeu o nome de contraponto. O que trouxe maiores combinações sonoras à música.

A união simultânea de várias vozes, que marca o máximo de perfeição do contraponto, recebe o nome de polifonia vocal.

O coral foi introdusido por Lutero em sua nova seita, que protestava contra a Igreja Católica.

Com a popularização cada vez maior da polifonia, a partir do século XVI a música entra em um período verdadeiramente significativo de sua história: o início da fase harmônica.

Existem manifestações artísticas como a Arquitetura, Pintura e Escultura que podem ser entendidas como artes visuais, por lidarem diretamente com a imagem ou com formas. A arte da  Dança pode ser entendida como à "arte dos movimentos corporais". A arte transmitida pela palavra é a Literatura. O artista que execulta ou pratica a Música é conhecido como Músico ou Musicista e seu trabalho consiste em capturar e transmitir a beleza através dos sons.

A propriedade que se relaciona com a emissão de sons fortes ou fracos se chama intensidade. A caracteristica do som chamada de altura está relacionada ao som ser grave ou agudo. Quando escutamos um som longo ou curto, estamos tratando da propriedade duração do som.  A propriedade timbre é a característica que nos permite identificar a origem do som.

O nome dado ao conjunto de sinais gráficos utilizados para representar a Música ou sons, e suas características no papel é a partitura.

Fonte: Curso Musical Maestro José Dário de Moura

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Minas - Milton Nascimento



O DVD Sede do Peixe é uma dádiva para mim, um encanto inesperado.
Sem palavras para mensurar tamanha grandeza musical, composta pela qualidade vocal de um músico admirado por mim, Milton Nascimento.

Além de um repertório maravilhoso, Sede do Peixe, engloba nomes consagrados da música popular brasileira que acompanham Milton em suas canções: seus companheiros do Clube da Esquina, Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre outros. Todos compartilharam suas vozes ao lado de um arranjo musical explêndido.

Milton Nascimento Lô Borges Clube da Esquina N°2 1997

Clube da Esquina...

O Movimento
Por Ivan Vilela


No início dos anos 60, em Belo Horizonte (MG), jovens músicos começam a se encontrar na cena musical da capital mineira. Eles produziam um som que fundia as inovações trazidas pela Bossa Nova a elementos do jazz, do rock’n’roll – principalmente The Beatles –, de música folclórica dos negros mineiros e alguns recursos de música erudita e música hispânica. Nos anos 70, esses artistas tornaram-se referência de qualidade na MPB pelo alto nível de performance e disseminaram suas inovações e influência a diversos cantos do país e do mundo. E é sobre esses músicos, sobre o Clube da Esquina, que falo agora.

Inicialmente representado por Milton Nascimento, Wagner Tiso, Fernando Brant, Márcio Borges, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Paulo Braga, a turma mineira foi agregando uma constelação de instrumentistas e compositores. Ainda que juntos tenham apresentado uma nova perspectiva musical, o Clube da Esquina não foi visto pela mídia e pelos estudiosos como um movimento. Mas, sem sobra de dúvida, se constituiu apropriando-se de um alicerce oferecido por diversos movimentos musicais e culturais pregressos.


Heranças dos anos 50

Os anos 50 e 60 do século 20 foram marcados por profundas modificações de ordem econômica, política e, conseqüentemente, social em todo o mundo. O movimento da Contracultura iniciado pelos Beatniks nos EUA e o existencialismo francês propiciaram mudanças no meio da juventude do Ocidente e as manifestações culturais refletiam esses novos tempos, em especial a música.

Em 1958, a Bossa Nova surge como uma nova alternativa estética à música popular brasileira. Ela propõe um novo uso melódico das tensões harmônicas e uma abordagem orquestral mais enxuta, tendo o violão – junto à voz – novamente como o centro da cena. E resgatando também os aspectos rítmicos do samba, que desde o samba orquestral dos anos 50 haviam se diluído.

No que toca à questão literária, a Bossa Nova realiza uma mudança de ordem estética. Os poemas das canções, sobretudo no tema amor, tratam das situações de maneira mais feliz e coloquial, menos parnasiana, resgatando a naturalidade contida outrora em Noel Rosa.


Eclodem os anos 60

A partir dos anos 60, começam a chegar ao Brasil a música e a arte pop, representadas sonoramente pelo rock’n’roll. Rapidamente, essa nova música, que estava ligada a uma mudança de comportamento social dos jovens, ganha adeptos no Brasil. Seus seguidores são identificados a partir do movimento da Jovem Guarda.

Agora, uma guitarra aliada a recursos eletrônicos de distorção sonora é que se faz presente. Poeticamente, tratavam de valores buscados pela juventude: a beleza, a ascensão social por meio da aquisição de um automóvel, uma postura “sem compromissos” diante das responsabilidades que se lhes apresentava, enfim, queriam romper com tabus que havia muito norteavam a conduta da juventude, principalmente a sexualidade.


Música de Protesto

Na mesma época, o Brasil era assolado por um golpe militar de direita contra o qual toda a intelectualidade ligada à esquerda se mobilizou. No campo artístico, passa a ser produzida uma música que protesta ante a situação que se configura. Essa música, na produção de alguns de seus principais compositores, começa a trazer a musicalidade de um Brasil mais ligado ao interior, ao camponês e às camadas sociais menos favorecidas. É a música ligada aos Centro Populares de Cultura (CPC). Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Carlos Lira, Marcos Valle, Sidney Miller e Sérgio Ricardo são compositores que se destacam nesse momento.

A juventude intelectualizada do Brasil olha com desprezo para a música produzida pela outra juventude, mais operária, mais suburbana. Nessa época, convivem no cenário musical a música da Jovem Guarda, da Bossa Nova, a Canção de Protesto.

Havia também alternativas mais sofisticadas que fundiam recursos bossa-novistas com temáticas interioranas, partindo assim para uma estilização de ritmos populares, como o baião – Edu Lobo é um exemplo dessa vertente. Aos poucos, a música popular brasileira ia manifestando a sua ubiqüidade.


Alegoria, Paródia e Deboche

Em 1967, surge um movimento de artistas baianos e paulistas intitulado Tropicália, que visava, por meio de alegoria, paródia e deboche, a promover uma autocrítica que implodisse a já assim chamada MPB como um campo consolidado em sua “linha evolutiva”. Esse movimento, de bases intelectuais sólidas, propõe uma nova visita à Jovem Guarda autenticando alguns de seus elementos. Funde o som das guitarras distorcidas ao som orquestral, resgatando a musicalidade contida nos recônditos do Brasil. Propõe uma nova estética literária, mais ligada ao concretismo e não tão próxima de uma abordagem política explícita. Passam a utilizar o ruído (música concreta) como recurso sonoro.

A Tropicália abriu caminho para diversas tendências presentes na música brasileira ocuparem o seu lugar, de modo que tudo passou a fazer parte do novo conceito de MPB.

E, dentro da imensa diversidade sonora produzida até então, o Clube da Esquina reposicionou o espaço da MPB, certificando com qualidade a incorporação dos diversos elementos propostos pela Tropicália e outros movimentos.


Milton Nascimento

Em 1967, Milton Nascimento classificou três músicas – duas próprias e uma com letra de Fernando Brant – para a final do II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. Milton é premiado como melhor intérprete e ganha o segundo lugar com “Travessia”. A partir daí, a carreira de Milton é impulsionada.

Ainda em 1967, ele grava seu primeiro disco, “Travessia”. Em 1968, é convidado a gravar o disco “Courage” nos EUA. O convite revelou o imenso potencial de aceitação de sua música nos EUA. Em 1969, grava no Brasil o disco “Milton Nascimento”. A cada novo disco, Milton se supera como intérprete, como compositor e como instrumentista.


Um novo caminho para a MPB

Em seus três primeiros discos, Milton se apóia na experiência de grandes músicos como Luiz Eça e Dori Caymmi. Isso, por um lado, dá sustentação a seu trabalho e, por outro, faz com que ele mantenha uma sonoridade mais próxima da já existente, reservada aos grandes compositores e intérpretes da MPB.

Não obstante toda a musicalidade dos jovens do Clube, era visível que a sofisticação e os recursos dos elementos sonoros trazidos pela Bossa Nova permaneciam como referência de qualidade da MPB no exterior.

Porém, é em seu disco “Milton”, de 1970, que Milton e os rapazes do Clube da Esquina passam a trilhar um caminho sonoro totalmente próprio, autêntico e mais independente do passado da música brasileira. Esse disco tem como banda de apoio o Som Imaginário, mais Lô Borges e Naná Vasconcelos. Nele, o Clube se faz mais presente nas composições dos irmãos Lô e Márcio Borges e da sonoridade que funde recursos diversos existentes na MPB – como guitarras distorcidas – e inovações – como o uso determinante da percussão na música “Pai Grande”.

A percussão não faz mais o papel de acompanhante rítmico: agora é a de criadora de um evento que corre concomitantemente à voz e ao violão e com um volume maior que o usual das gravações.


O Disco Clube da Esquina

A consolidação de uma linguagem própria se firma com o lançamento, em 1972, do disco “Clube da Esquina”, assinado por Milton Nascimento e Lô Borges. Esse álbum duplo traz a participação maciça de todos os membros do grupo de amigos músicos conhecido internamente como Clube da Esquina.

A sonoridade obtida, o alto padrão de elaboração e a originalidade das composições e arranjos fizeram deste um dos discos antológicos da MPB. A música do Clube da Esquina trouxe diversos elementos novos à MPB, que, com o passar do tempo, se tornaram matéria de uso comum.

Diferentemente da Jovem Guarda e da Bossa Nova, mantiveram uma temática política presente, mas de forma subjetiva. O disco “Milagre dos Peixes” teve que ser feito, em grande parte, à base de vocalises, devido à censura de várias das letras.

As letras das canções em geral revelam uma inclinação a construções mais abstratas, imagens ou metáforas que talvez sejam mais soltas de uma tradição poética da canção brasileira que as costumeiras da época, e mesmo depois. Pouco se encontra da estrutura de romance ou de narrativas, histórias ou situações das quais se pode tirar alguma moral ou mensagem. Acerca disso, há uma interessante afirmação que sintetiza um pensamento literário, no caso de Márcio Borges, mas que em alguma medida pode ser estendido a outros poetas do grupo em suas letras: “Pelo menos não viessem me falar de mensagens... ‘qual é a mensagem dessa letra?’ Como se um poema pudesse funcionar como cabograma ou sinal de fumaça”.


Uma Nova Perspectiva Musical

Milton inaugura uma nova forma de utilização do violão: como um instrumento ao mesmo tempo harmônico e percussivo. No samba e na bossa nova temos um violão batido dentro de um esquema rítmico. Na Tropicália e Jovem Guarda, a utilização do instrumento é feita de forma rasgueada (ou rasgada ou rasqueada é tocar violão passando os dedos ou a palheta pelas cordas correndo, de cima para baixo ou vice-versa, fazendo as cordas soarem; é uma forma não dedilhada de tocar violão), porém ainda respeitando um sistema rítmico predominante. Em Milton, poderíamos dizer que o violão passa a ser um instrumento arrítmico e de cordas percussivas.

Toda a base da música brasileira foi construída dentro de padrões rítmicos binários, ternários e quaternários. Milton desenvolve músicas em compassos quinários (em cinco tempos), além de trabalhar com compassos híbridos (pulsações diferentes numa mesma música). E também a execução de um samba, originalmente binário, em ritmo ternário.

Constróem a ponte com a música de nossos irmãos americanos de língua espanhola. Acabam por resgatar uma África que não veio pela via do samba e nem do candomblé. Trazem uma África mineira, irmã dos congados, moçambiques e caiapós e tambus.

A percussão passa a ter um papel de solista concorrente ao melopoema (o resultado da melodia e letra, a canção). É um evento que acontece à parte do resto sem, no entanto, deixar de compor o todo. São os primeiros a colocar, em algumas canções, a percussão com um volume maior que a própria voz.

A voz, no Clube da Esquina, deixa de ser apenas o elemento que canta os melopoemas e passa a ser um instrumento que canta sem letra, que produz sons pouco usuais. O falsete, por exemplo, longe de ser um último recurso, torna-se alternativa tímbrica.

Conseguem também fazer a fusão do regional com o pop amalgamando os gêneros e estilos. Ouvindo não conseguimos localizar onde começa um e termina o outro. Esse procedimento passa, tempos depois, a ser usual em um segmento chamado World Music.

Criam uma sonoridade orquestral própria que diferia da forma como a Bossa Nova utilizava a orquestra, mais como uma moldura sonora, e da forma como a Tropicália também a utilizou, de forma mais narrativa. No Clube da Esquina temos uma orquestração de caráter mais impressionista, criadora de ambiências sonoras, e que às vezes corre à parte do evento musical que se apresenta.

No disco “Clube da Esquina”, vemos a proposta inusitada de dividir o panorama de escuta do som estereofônico de forma não eqüitativamente balanceada.

Poderíamos pensar no desenvolvimento da harmonia de música popular (progressões harmônicas, dissonâncias etc.) ao longo dos tempos por um caminho que vem de Mussorgsky, Debussy, música de cinema, big bands, simultaneamente, música brasileira e música estadunidense do pós-guerra e Bossa Nova.

Se analisarmos a obra do Clube da Esquina, veremos que, além da incorporação de toda a contribuição trazida pelo desenvolvimento acima exposto, foi criada pelo Clube uma maneira muito própria de harmonizar, visível a partir do disco “Clube de Esquina”. Não é à toa que o violão de Toninho Horta se tornou referência e as harmonias de Milton são as mais surpreendentes.

A sonoridade resultante do encontro desses músicos se tornou uma das principais marcas que acompanhou a música feita pelo pessoal do Clube da Esquina. Uma música em que os instrumentos, combinados, constróem mais do que um simples acompanhamento da canção. Constróem, sim, uma ambiência da qual a canção passa a fazer parte junto de eventos sonoros distintos que acontecem ao mesmo tempo. Como exemplo, vale passar os olhos nos comentários feitos acerca do disco Clube da Esquina.

A influência da música do Clube da Esquina se espalhou por diversos lugares e tendências. Um dia, em conversa informal com Ivan Lins, sugeri que a música de Gonzaguinha continha elementos melódicos presentes na música de Milton, ao que ele me respondeu que não só a de Gonzaguinha, mas a dele também, e frisou: “Milton e Jobim, aprendi muito tocando músicas desses dois”. A influência de Milton e de Toninho Horta, na maneira de compor e tocar a guitarra, é notória na música de Pat Metheny. A própria aproximação de Egberto Gismonti e de Wayne Shorter, que gravaram músicas de Milton, da obra deste, denota a força do trabalho dos mineiros.


Ivan Vilela é músico, professor da USP, diretor da Orquestra Filarmônica de Violas e pesquisa festas ligadas à cultura popular, viola caipira e MPB. Ele prepara um livro sobre o Clube da Esquina e sua contribuição à Música Popular Brasileira.


Fonte: http://www.museudapessoa.net/clube/o_movimento.htm

Spartito Canto Ambrosiano, notazione originale a rombo; trascrizione e C...

HISTÓRIA DO CANTO GREGORIANO

O canto gregoriano é a mais antiga manifestação musical do Ocidente e tem suas raízes nos cantos das antigas sinagogas, desde os tempos de Jesus Cristo. Os primeiros cristãos e discípulos de Cristo foram judeus convertidos que, perseverantes na oração, continuaram a cantar os salmos e cânticos do Antigo Testamento como estavam acostumados, embora com outro sentido. à medida que os não judeus gregos e romanos foram também se tornando cristãos, elementos da música e da cultura greco-franco-romana foram sendo acrescentados às canções judaicas.

O período de formação do canto gregoriano vai dos séculos I ao VI, atingindo o seu auge nos séculos VII e VIII, quando foram feitas as mais lindas composições e, finalmente, nos séculos IX, X e XI, princípio da Idade Média; começa, então, sua decadência. Seu nome é uma homenagem ao papa Gregório Magno (540-604) que fez uma coletânea de peças, publicando-as em dois livros: o Antifonário, conjunto de melodias referentes às Horas Canônicas, e o Gradual Romano, contendo os cantos da Santa Missa. Ele também iniciou a "Schola Cantorum" que deu grande desenvolvimento ao canto gregoriano.

A partir da iniciativa de dom Mocquereau, no final do século XIX, o Mosteiro de São Pedro de Solesmes, na França, passou a ser o grande centro de estudos e prática do canto gregoriano. Seus monges, na época, deram início a um trabalho de paleografia (estudo dos manuscritos antigos) de canto gregoriano e de recuperação dos sinais escritos nos séculos VIII e IX.

Depois, surge a semiologia gregoriana, que é a interpretação dos sinais, com uma volta à fonte, estabelecendo uma interpretação mais autêntica do canto gregoriano; entre outros sobressai nesse trabalho dom Eugène Cardine, OSB.

No começo do século XX, o papa Pio X pede aos monges beneditinos para fazerem uma edição moderna à luz dos manuscritos, surgindo então a Edição Vaticana e em 1985 foi lançada uma outra edição chamada "Graduale Triplex" (Gradual Tríplice) com as três notações do canto gregoriano: a Vaticana, a de Laon (França) e a de Saint Gaal (Suíça).

Após a realização do Concílio Vaticano II (1965), o latim deixou de ser a língua oficial na liturgia da Igreja, e as celebrações litúrgicas passaram a ser realizadas na língua vernácula de cada país e a prática do canto gregoriano ficou restrita aos mosteiros e a grupos de admiradores e aficionados da beleza desta "palavra-cantada".

As principais características do canto gregoriano, também conhecido como canto chão, são: as melodias são cantadas em uníssono (monódico), sem predominância de vozes, ou seja, rigorosamente homofônico; de ritmo livre, sem compasso, baseado apenas na acentuação e no fraseado; cantado "a capella", isto é, sem acompanhamento de instrumentos musicais e suas letras são em latim, tiradas, em sua grande maioria, dos textos bíblicos, sobretudo os salmos.

 Em 1994 houve um "renascimento" do canto gregoriano quando foi lançado pela EMI, em CD, um disco que havia sido gravado há mais de 20 anos pelos monges do Mosteiro de Santo Domingo de Silos, norte da Espanha – o disco alcançou o primeiro lugar em vendas em vários países, atingindo a marca de 5 milhões de cópias vendidas.

O conjunto alemão Enigma que gravou o disco MCMXC A.D. com músicas de rock (Sadness e outras) em estilo gregoriano e fez bastante sucesso em todo o mundo, além de outros grupos que lançaram os CDs: The Ultimate Compilation – Real Sadness & Other Gregorian Mysteries; Gregorian Dance e o Chantmania, gravado pelo The Benzedrine Monks of Santo Domonica.

Recentemente surgiram outros dois ótimos grupos que também lançaram músicas de rock em estilo gregoriano: The sound of silence, Tears in heaven, In the air tonight, Eden (Sarah Brightman), When a man loves a woman e outras. Vale a pena conhecê-los e visitar a página deles: Masters of Chant e Lesiëm
Você pode ouvir o canto gregoriano, inclusive o CD Rorate do Coral Gregoriano de Belo Horizonte, e músicas sacras na Radio Set.

Partitura do Constitues, do Graduale Triplex:














Fonte: http://gregoriano.org.br/gregoriano/historiacantogregoriano.htm

domingo, 14 de novembro de 2010

Você sabia?

O ritmo ao contrário do que a grande maioria pensa, não é o estilo musical (samba,  forró, rock etc...).
Ritmo  é "a maneira correta de combinar os sons de acordo com suas durações e acentuações, dentro de determinada pulsação".

Uma das primeiras marcações rítmicas surgiram com os povos primitivos, através de instrumentos de percussão de sons indeterminados.

As sete notas musicais conhecidas como: dó - ré - mi - fá - sol - lá - si - foram originadas do hino à São João Batista, e quem nomeou as sete notas foi o monge beneditino Guido D' Arezzo, na idade média.

sábado, 13 de novembro de 2010

Novos Baianos - Preta Pretinha [1973]

O Tropicalismo...

O Tropicalismo foi um movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre 1967 e 1968. Seus participantes formaram um grande coletivo, cujos destaques foram os cantores-compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, além das participações da cantora Gal Costa e do cantor-compositor Tom Zé, da banda Mutantes, e do maestro Rogério Duprat. A cantora Nara Leão e os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto completaram o grupo, que teve também o artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte como um de seus principais mentores intelectuais.

Os tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical brasileiro. A música brasileira pós-Bossa Nova e a definição da “qualidade musical” no País estavam cada vez mais dominadas pelas posições tradicionais ou nacionalistas de movimentos ligados à esquerda. Contra essas tendências, o grupo baiano e seus colaboradores procuram universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica.
Ao mesmo tempo, sintonizaram a eletricidade com as informações da vanguarda erudita por meio dos inovadores arranjos de maestros como Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzela.
Ao unir o popular, o pop e o experimentalismo estético, as idéias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional.

Seguindo a melhor das tradições dos grandes compositores da Bossa Nova e incorporando novas informações e referências de seu tempo, o Tropicalismo renovou radicalmente a letra de música. Letristas e poetas, Torquato Neto e Capinan compuseram com Gilberto Gil e Caetano Veloso trabalhos cuja complexidade e qualidade foram marcantes para diferentes gerações. Os diálogos com obras literárias como as de Oswald de Andrade ou dos poetas concretistas elevaram algumas composições tropicalistas ao status de poesia. Suas canções compunham um quadro crítico e complexo do País – uma conjunção do Brasil arcaico e suas tradições, do Brasil moderno e sua cultura de massa e até de um Brasil futurista, com astronautas e discos voadores. Elas sofisticaram o repertório de nossa música popular, instaurando em discos comerciais procedimentos e questões até então associados apenas ao campo das vanguardas conceituais.

Sincrético e inovador, aberto e incorporador, o Tropicalismo misturou rock mais bossa nova, mais samba, mais rumba, mais bolero, mais baião. Sua atuação quebrou as rígidas barreiras que permaneciam no País.
Pop x folclore. Alta cultura x cultura de massas. Tradição x vanguarda. Essa ruptura estratégica aprofundou o contato com formas populares ao mesmo tempo em que assumiu atitudes experimentais para a época.
 
Discos antológicos foram produzidos, como a obra coletiva Tropicália ou Panis et Circensis e os primeiros discos de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Enquanto Caetano entra em estúdio ao lado dos maestros Júlio Medaglia e Damiano Cozzela, Gil grava seu disco com os arranjos de Rogério Duprat e da banda os Mutantes. Nesses discos, se registrariam vários clássicos, como as canções-manifesto “Tropicália” (Caetano) e “Geléia Geral” (Gil e Torquato). A televisão foi outro meio fundamental de atuação do grupo – principalmente os festivais de música popular da época. A eclosão do movimento deu-se com as ruidosas apresentações, em arranjos eletrificados, da marcha “Alegria, alegria”, de Caetano, e da cantiga de capoeira “Domingo no parque”, de Gilberto Gil, no III Festival de MPB da TV Record, em 1967.

Irreverente, a Tropicália transformou os critérios de gosto vigentes, não só quanto à música e à política, mas também à moral e ao comportamento, ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas.

Fonte: http://tropicalia.uol.com.br/site/internas/movimento.php

"Gramática" musical

" Música é a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende".
 (W. Shakespeare 1564- 1616)





A música é uma nova gramática,porém suas normas são executadas em notas,figuras e pausas.
Estou"desbravando"essa língua complexa e prazerosa.
Recorro ao meu caderno de cinco pautas e no compasso sigo o tempo da minha nova alfabetização.
Estou aprendendo uma nova linguagem, a união dos sons e do silêncio. Liguagem que se fala cantando e se compreende encantando.

Thaís Alessandra

Céu - Lenda

Curiosidade...

A Música no Cristianismo
Por Luiz Lobo



Os primeiros cristãos acreditavam no poder mágico do canto, embora muitos autores neguem que os cristão primitivos cantassem. Pouco se sabe sobre as origens do canto cristão mas há documentos, manuscritos gregos encontrados no Monte Athos revelando uma fórmula musical de bênção com água e azeite para curar febre e afugentar os maus espíritos. E proibindo o canto no culto, por conta das perseguições.

Aproveitando o fato das leis romanas determinarem o respeito absoluto aos túmulos e a proibição de enterrar na superfície, os cristão abriram enormes túneis, suas próprias catacumbas, onde enterravam os mortos e tinham lugar seguro para as suas reuniões.

Todas as cidades do Império Romano tinham catacumbas e as tumbas dos cristãos são fáceis de reconhecer porque eram encimadas pela inscrição XP ou XPTO anagrama de Cristo.

As primeiras músicas, do século IV, são orações cantadas, com forte influência da música hebraica.

No Oriente, sem perseguição, os cristãos cantavam. Plínio escreveu a Trajano contando que em Bitinia os cristãos se reuniam para entoar um Carmem (canto). O apóstolo Pedro chegou a Roma no ano 54 trazendo melodias da Antióquia, no Oriente, onde viveu muito tempo. Melodias que se misturaram aos cânticos sagrados judeus.

A melodia de uma só voz, em uníssono, sem harmonização (monofonia) tinha duas fontes: a hebraica e a grega. No início da era cristã houve a dispersão dos judeus e o antigo canto judaico não foi popularizado. Os primeiros cristãos, todos judeus conversos, é que o mantiveram vivo nas sinagogas.

Com a propagação do cristianismo na Grécia e a adoção do grego como primeiro idioma eclesiástico, a música cristã também recebeu enorme influência grega.

As perseguições aos cristãos fizeram muitos mártires, entre eles alguns músicos como Santa Cecília. Ela era organista e cantava, pedindo proteção para os que a ouviam. Padeceu por sua fé, foi morta no ano 230 e, mais tarde, foi canonizada. No local da casa em que nasceu, no Trastevere, ergueu-se a Igreja de Santa Cecília. Ela é a padroeira dos músicos (e seu dia é comemorado em 22 de novembro). Ela dá seu nome à Academia de Música do Vaticano, criada pelo Papa Pio IX em 1847 e inspirou Purcell e Händel em seus oratórios.

O Cristianismo tornou-se religião oficial do Império Romano em 323. Mas a música da comunidade cristã não saiu das catacumbas para as igrejas., O clero reservou-se o privilégio de estudar, organizar e compor "a melhor música para servir ao Senhor". Só no Oriente os cristão continuaram cantando suas músicas tradicionais.

A Igreja Grega dominou o Oriente e depois influenciou muito fortemente a Igreja Latina., especialmente sua música. A Antífona (um repertório a ser cantado dentro da igreja) foi criada por Flávio e Diodoro. O canto antifonal teve origem nos cantos dos hebreus e foi implantado primeiro na Igreja Grega, por Crisóstomo, de Constantinopla, depois na Igreja Síria (da Abissínia e do Egito).

Foi em Alexandria que surgiu a mais antiga escola de canto litúrgico, feito com vocalizações, variações da melodia, as melismas Esse canto melismático espalhou-se rapidamente pela Igreja do Ocidente através da Himnodia (a Arte de Criar Hinos).

A Igreja Latina foi a última a implantar o canto antifonal. Dos antigos cantos hebreus fez surgir a Salmodia (da recitação dos Salmos), um canto monótono e silábico, sobre uma mesma nota, lembrando o canto das catacumbas. Tinha três partes: o solo do celebrante, a resposta em coro dos fiéis e o canto antgifonal com os homens de um lado do coro e mulheres e crianças do outro.

Logo, as danças foram proibidas. E o acompanhamento com instrumentos musicais. E tudo o que lembrasse os cantos gregos.

A música ainda encontrava resistência do clero, mas Santo Agostinho (354 - 430) escreveu favorecendo o canto nas igrejas durante o culto. E teorizou sobre o ritmo e as vocalizações.

Em 370 o Papa Ambrósio escolheu quatro modos gregos, sol, fá, mi, ré, inverteu-os (ré, mi, fá, sol) e chamou esse modo de Authentus, tornando-o obrigatório para a composição do canto litúrgico e dando origem aos cantos ambrosianos

Com o fim do Império Romano, em 476, começa a Idade Média. O canto cristão é totalmente submetido à disciplina eclesiástica. O órgão passa a ser considerado o instrumento dos instrumentos e o mais capaz de tocar música religiosa.

Boecio (470 - 525) escreve um Tratado de Música em cinco volumes e a ele se deve todo o conhecimento da teoria musical grega. Morreu decapitado.

O Papa Gregório Magno (540 - 604) dedica especial atenção ao canto eclesiástico. Funda, em Roma, a Schola Cantorum e reforma a música sacra. Junta o Antifonário aos Cantos Ambrosianos e daí surgem os Cantos Gregorianos ou cantochão que passa a ser o único canto litúrgico da Igreja Romana.

"Sem dúvida, escondem-se nas melodias do cantochão fragmentos dos hinos cantados nos templos gregos e dos salmos que acompanhavam o culto no Templo de Jerusalém", escreve Carpeaux. "Não podemos, porém, apreciar a proporção em que esses elementos entraram no cantochão. Tampouco nos ajuda, para tanto, o estudo das liturgias que precederam a reforma do canto eclesiástico pelo papa Gregório I das liturgias da Igreja oriental, da liturgia galicana, já desaparecida, da liturgia ambrosiana, que se canta até hoje na arquidiocese de Milão; e da liturgia visigótica ou mozárabe que, por privilégio especial, sobrevive em algumas igrejas da cidade de Toledo. A única música litúrgica católica que conta para o Ocidente é o coral gregoriano, a liturgia à qual Gregório I, o Grande, concedeu espécie de monopólio na igreja romana.'

No entanto, o coral gregoriano não é obra do grande Papa, já existia antes. E depois, durante os séculos, sofreu inúmeras modificações, "quase sempre para pior", segundo Carpeaux. A Ordem de São Bento é que cuidou de restabelecer os textos e o modo de cantar original e são essas melodias litúrgicas que se cantam em todos os conventos beneditinos, até hoje. É a mais antiga música ainda em uso.

Os gregos conheciam uma variedade de ritmos e o Canto Ambrosiano ainda os conservou, mas o Canto Gregoriano abandonou os últimos vestígios. O ritmo acabou se diluindo, fundindo-se com a palavra e as notas passaram a ter uma duração absolutamente igual Dessa monotonia rítmica foi que surgiu o Planus Cantus, o Canto Chão.

Em 650 o Concílio de Châlons proíbe que as mulheres cantem dentro das igrejas. Começam a ser usados dois tipos de escalas, com seis notas (hexacórdios): o duro ou natural e o doce ou brando. A igreja proíbe o intervalo que vai do F (fá) ao B (si) natural. Ele é considerado como diabolos in musica (o diabo na música). Por isso surge o B mollis (Bemol), na operação que ganha o nome de chorda mutabilis O B (si) natural acaba virando B (si) Quadratum, B Quadrado, Bequadro.

No século VIII a cristã Espanha é invadida pelos mouros, impulsionados pelos califas de Damasco. Primeiro é um emirato, depois um califato, a seguir um reino. A cidade de Córdoba fica conhecida como a Medina andaluza. Abulhasan Ali-bem-Nafi introduz a música árabe na Espanha.

A Igreja convive com os muçulmanos mas tenta resistir à música, à dança. Usa o teatro, popular e ateu, dramatizando a vida de Cristo e dos Santos para mostrar a beleza da vida dedicada ao amor a Deus, a morte, o diabo e o Inferno. Daí surgem os Mistérios. São dramas religiosos, principalmente sobre o Nascimento, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição, representados nas igrejas, depois nos pátios, nas praças e para divertimento e ensinamento do povo.

A Igreja proíbe aos seus fiéis que aprendam a ler e escrever, "coisas do diabo", "frutos proibidos como o que Adão e Eva comeram". Mas nos mosteiros os frades cuidam de ler, estudar, escrever e a Igreja, com o Conhecimento, ganha o Poder.

Em 865 Focio começa a luta pela separação da Igreja de Constantinopla da Igreja Romana. Nas Cruzadas surgem as gestas, cantos guerreiros que contam os feitos dos heróis cristãos.

O teatro com música deixa de ser uma exclusividade da Igreja na França e depois na Holanda, mas a música que acompanha as peripécias ainda é a da igreja, especialmente os cantos gregorianos.

No século IX já existem cinco escolas de canto litúrgico:
· a bizantina domina o Oriente;
· a ambrosiana domina Milão e parte da Itália;
· a galicana é a francesa;
· a visigótica é a espanhola e a mozárabe do rito praticado pelos cristão sob dominação árabe;
· a gregoriana ou romana, que domina o Ocidente.

Os órgãos hidraulos, de origem egípcia de toda a Itália são destruídos durante as invasões bárbaras. A Igreja Bizantina manda órgãos pneumáticos, de origem grega, como um presente à Igreja Romana. O sucesso é imediato.

O grande teórico da música desse século é Baubulus, autor de Media Vita, um monge.

No século X são construídos órgãos com até 400 tubos, dois teclados (com 20 teclas cada um), executados por dois músicos a quatro mãos. Instrumentos que exigem 26 foles e 70 homens fazendo força para prover o ar.

Como a notação musical é feita com neumas (antigos símbolos egípocios, gregos e armênios e a notação não era exata em relação à altura e duração das notas, os teóricos começam a usar uma linha para distinguir a altura das notas (ainda desenhadas com neumas). As neumas acima da linha eram as notas mais altas e abaixo as mais baixas. Logo surge a pauta com duas linhas (uma roxa e a outra amarela).

Guido d'Arezzo coloca no início das linhas a letra F e C, o que significa que as neumas desenhadas ali são fá e dó. Ele introduz uma terceira linha, preta e depois trabalha com uma pauta de quatro linhas, o tetragrama. (O canto gregoriano ainda é anotado em neumas e em pautas de três ou quatro linhas.

D'Arezzo , um monge, é considerado o pai da música da Idade Média. Teórico, foi por volta do ano 1035 que deu nome às notas musicais, a partir do Hino a São João, de Pablo Diácono:

Ut queant laxis
Ressonare fibris
Mira gestorum
Famili tuorum
Solvi polluti
Labii reatum
Sancte Ioanes.

A sétima nota ficou sem nome até o século XVI e o Ut tornou-se Dó no século XVII.

Fonte: http://www.wooz.org.br/musicacristianismo.htm